As Disfunções Temporomandibulares (DTM) e o bruxismo (como fator de risco) são uma das causas mais frequentes de dor não dentária observadas na consulta de Medicina Dentária.
Aproximadamente 85% a 90% da população range ou aperta os dentes em algum momento da sua vida. O bruxismo pode ser noturno (durante o sono) ou diurno. Caracteriza-se, habitualmente, por desgaste dentário, fraturas ou fissuras, aumento de volume dos músculos da mastigação e pode levar à perda óssea e gengival. Parece estar associado a perturbações do sono, distúrbios respiratórios (como a apneia), fatores hereditários, interferências oclusais, stress emocional, ansiedade e outros. Pode ainda ser um fator predisponente para o desenvolvimento de DTM.
Segundo a American Academy of Orofacial Pain, as DTM são desordens músculo-esqueléticas que envolvem a articulação temporomandibular (ATM), os músculos da mastigação e estruturas associadas. Podem manifestar-se na região orofacial, cabeça, pescoço, membros ou mesmo noutras áreas do corpo.
Os principais sinais e sintomas incluem dor durante a mastigação ou em repouso, fadiga ou cansaço muscular, ruídos articulares (estalidos), limitação na abertura da boca, dor muscular e/ou articular, podendo estar associados a cefaleias, zumbidos, vertigens, dores cervicais, dores dentárias, ardor bucal, entre outros.
Pacientes com DTM crónica podem apresentar perda significativa de qualidade de vida, associada a diminuição da produtividade, falta de energia e até sintomas depressivos.
A causa exata das DTM é complexa e ainda pouco esclarecida, sendo considerada multifatorial. Entre os fatores envolvidos estão: anatomia e fisiologia da ATM, alterações da oclusão dentária (relação entre dentes superiores e inferiores), fatores genéticos e hereditários, bem como fatores psicológicos e emocionais, como o stress.
Atualmente, existem várias opções de tratamento, dependendo do tipo de DTM apresentada. Entre elas incluem-se: utilização de goteira oclusal (dispositivo que encaixa nos dentes), estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS), termoterapia (frio ou calor), massagem, fisioterapia/osteopatia, farmacoterapia, infiltração de pontos com toxina botulínica ou anestésico, punção seca, acupuntura, biofeedback, técnicas de relaxamento e terapias de gestão de stress e ansiedade.
Em alguns casos, pode ser necessária intervenção cirúrgica. Quando existe uma oclusão anormal, esta deve ser corrigida após tratamento da fase aguda e estabilização da DTM.
Como as DTM têm origem multifatorial, muitas vezes é necessário recorrer a diferentes abordagens terapêuticas. O diagnóstico precoce e adequado é essencial, uma vez que estas patologias podem afetar gravemente a qualidade de vida do paciente em vários níveis.
Rosa Saraiva
MÉDICA DENTISTA
